Este ano a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Barbacena, celebra seus 250 anos de criação. Inaugurada em 1774, o templo foi construído pelos escravos, que naquele tempo não podiam freqüentar as chamadas igrejas dos brancos.
A igreja é totalmente construída em pedra, e guarda um legado de tradição, cultura, fé e história. De acordo com Kleber Camargo, historiador e provedor da Irmandade do Rosário, o culto à Santa, na cidade, surgiu no século XVIII, pois os escravos precisavam de um espaço para cultuar sua padroeira, e também celebrar os seus ofícios e eventos religiosos. “O templo foi construído através de recursos que os escravos conseguiam com os senhores e de serviços que eles prestavam fora do seu horário de trabalho.”, observou Kleber.
Sobre a importância histórica do templo, Kleber ressalta o esforço que os escravos fizeram para construir, não só a igreja, mas também o cemitério que se encontrava ao lado, fechado em 1890. “Esta igreja marcava um momento de luta pela liberdade, de luta por um prestígio social dos escravos, pois era ali onde que eles podiam realizar suas festas, , onde nos últimos dias de outubro, eles realizavam a festa com congado, danças e tantas outras atividades.”, ressaltou Kleber, que ainda lembrou que a torre da frente da igreja foi construída somente 120 anos depois da inauguração.
Muitos fatos curiosos marcam a história do templo nesses 250 anos de sua construção. Um deles, como observou Kleber, que é a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, responsável pela construção e manutenção, e que tinha a função também de ajudar os escravos, com compras de alforrias, por exemplo. Outro destaque da irmandade, é que ela era a responsável por prestar a última assistência às pessoas que deveriam sofrer a pena capital. “Na manhã que havia o enforcamento, a pessoa que ia sofrer a pena capital era recebida na Igreja do Rosário, recebia os últimos sacramentos, participava da missa, depois a Irmandade do Rosário dava vinho com marmelada, para que a pessoa não percebesse o que estava acontecendo. Ela era conduzida até a Forca pela força policial, e depois o corpo a entregue à Irmandade do Rosário, que o enterrava em seu cemitério”, contou Kleber.
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