Com a explosão dos jogos de apostas online no Brasil, cresce também a preocupação das autoridades com os efeitos dessa nova realidade digital. Em entrevista, o delegado da Polícia Civil de Minas Gerais, Saulo do Prado, explicou que, do ponto de vista legal, a prática é considerada criminosa. “Os jogos de apostas são classificados como jogos de azar, ou seja, quando o resultado não depende da habilidade do jogador. Isso é proibido pela legislação brasileira e pode gerar responsabilização penal tanto para quem joga quanto para quem promove o jogo”, afirmou.
O delegado alerta que, além de ilegais, os jogos online estão frequentemente ligados a crimes como fraudes, estelionato e lavagem de dinheiro. “Muitas vezes, essas plataformas utilizam a ilusão do ganho fácil para atrair as vítimas. E, com isso, movimentam grandes quantias de dinheiro de origem ilícita, que depois são lavadas para parecer legais”, explica.
Mas o problema não se restringe ao aspecto criminal. O delegado chama atenção para os graves impactos sociais, principalmente entre os jovens. “Hoje, com um celular na mão, o acesso ao jogo é imediato. A pessoa está com o jogo aberto, o aplicativo do banco do lado, o cartão de crédito do outro e, com poucos cliques, pode gastar muito mais do que pretendia.”
Segundo ele, os casos de vício e compulsão já são frequentes nas delegacias. “Recebemos relatos constantes de famílias desesperadas por causa do vício em apostas. Gente que perdeu tudo: emprego, casamento, saúde emocional. O jogo virou um caminho rápido para a ruína”, relata.
Diante do avanço das apostas digitais, o delegado defende uma resposta mais estruturada do Estado. “Não adianta só proibir se não há fiscalização. É preciso uma legislação moderna, que discuta os limites da exploração econômica e proteja a população dos riscos”, pontua. Para ele, o debate precisa ir além da polícia e envolver o Congresso Nacional, o sistema de saúde e a sociedade como um todo.
Saulo deixou uma mensagem direta e impactante aos ouvintes: “O melhor investimento que existe ainda é o trabalho honesto. Não podemos nos deixar enganar por plataformas que prometem soluções fáceis. Quem tenta cortar caminho geralmente encontra a ruína.”